O Espírito Santo tem se tornado uma das referências nacionais na produções de moveleira, em especial, pelas características singulares desses produtos.
Antonio Nicola Brazolino é presidente da Câmara Moveleira da Federação das Indústrias do Espírito Santo (FINDES) e tem observado com atenção o desenvolvimento do setor.
“Tais arquitetos e designers de interiores com frequência escolhem fornecedores do Espírito Santo por conta das características únicas do mobiliário produzido, derivadas da história decorrente do esforço e trabalho dos descendentes de imigrantes italianos e alemães, que sempre primaram pelo rigor da fabricação artesanal e participação destacada em feiras internacionais”, pontuou.
Brazolino concedeu exclusiva à Forest News em que contou também as principais demandas do setor moveleiro, bem como a boa situação econômico do estado tem beneficiado as indústrias capixabas.
Forest News – Na sua visão, como está colocado o setor moveleiro capixaba atualmente? Em especial, produção e exportação dos seus produtos?
Antonio Nicola Brazolino – Os polos moveleiros do Brasil são regiões onde há concentração de indústrias moveleiras, ou seja, locais que produzem móveis em grande escala. Tais polos são responsáveis pela expressiva produção de móveis do país, e fundamentais para a economia local.
Temos no Estado do Espirito Santo importantes destaques, especialmente quando se trata de móveis personalizados, onde grandes projetos mobiliários são produzidos em indústrias localizada em todos os municípios capixabas, e com alcance nacional em decorrência do alto padrão da marcenaria capixaba, que tem atraído a atenção de arquitetos e designers de interiores de outros estados, que buscam fornecedores concentrados principalmente nos município de Cariacica, Vila Velha, Vitoria e Colatina, e que são capazes de executar com grande qualidade os mobiliários, atendendo a demanda de estados como Bahia, Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo.
Tais arquitetos e designers de interiores com frequência escolhem fornecedores do Espírito Santo por conta das características únicas do mobiliário produzido, derivadas da história decorrente do esforço e trabalho dos descendentes de imigrantes italianos e alemães, que sempre primaram pelo rigor da fabricação artesanal e participação destacada em feiras internacionais, onde o design do mobiliário nacional é bastante prestigiado, especialmente no Salone Del Mobile de Milão.
No Espírito Santo estão concentradas aproximadamente 800 indústrias no setor de madeira e móveis, com 11 mil trabalhadores.
O Município de Linhares é conhecido por abrigar um dos principais polos moveleiros do país, sendo responsável por grande parte da produção de mobiliários do Espírito Santo e com importante destaque na economia local.
A região de Linhares é o centro de um cluster de indústrias moveleiras que produzem móveis de madeira maciça, MDF e aglomerado, que incluem sofás, cadeiras, mesas, armários e outros itens para o lar. Além disso, a região é responsável por cerca de 15% do PIB do estado do Espírito Santo.
As indústrias moveleiras de Linhares se destacam pela capacidade de produzir móveis de alta qualidade, com design moderno e inovador, além de serem empresas altamente competitivas no mercado interno e internacional. A maioria é formada por pequenas ou médias empresas, e as vendas são feitas expressivamente para o mercado interno. No entanto, as indústrias moveleiras de Linhares também exportam seus produtos para outros países, em especial para países da América Latina e da União Europeia.
Em 2021, as importações capixabas do setor de móveis chegaram a US$ 12,0 milhões e atingiu o maior patamar da série histórica.
O Espírito Santo responde por 0,63% das exportações (US$ 6,4 mi) e 2,0% das importações (US$ 12,0 mi) nacionais.
Em 2021, os Estados Unidos, Reino Unidos e Chile foram os principais países importadores de móveis do Espirito Santo, e os principais produtos foram para quartos de dormir.
Tais dados e números são do Observatório da Indústria da Federação das Indústrias do Espírito Santo.
FN – Quais as principais demandas desse segmento e os principais desafios para o crescimento do setor?
ANB – De acordo com dados do PIB, o estado do Espirito Santo tem crescido acima de média nacional. No ano 2023, enquanto a economia brasileira cresceu 2,9%, o Espirito Santo cresceu 5,7%, propiciando grandes oportunidades, mas também desafios.
Para o crescimento há a necessidade de formação de grandes parcerias de instituições governamentais como o setor privado, que para tanto necessita criar projetos que impulsionem ainda mais o setor de madeira e móveis, e parcerias com instituições de crédito e fomento voltadas para a compra de máquinas e equipamentos, apoio a capital de giro, financiamento à exportação e estímulo ao investimento.
FN – Como tem sido o diálogo entre o setor industrial com o Poder Público estadual?
ANB – Atualmente, sou presidente da Câmara Setorial da Indústria Moveleira, criada pela Findes para representar e defender os interesses do segmento moveleiro capixaba, com visas a melhorar a competitividade e possibilitar o desenvolvimento do setor no Espírito Santo.
A Câmara é composta por três sindicatos, o Sindmadeira – Sindicato da Indústria de Madeiras e Atividades Correlatas em Geral da Região Centro Sul, o Sindimol – Sindicato das Indústrias de Madeira e do Mobiliário de Linhares, e o Sindmóveis – Sindicato da Indústria Moveleira de Colatina.
O setor possui uma governança bem articulada, sendo comum a cooperação entre as empresas, buscando a adoção de projetos e concretização de planos de desenvolvimento, inclusive a disseminação de novos conhecimentos e informações que contribuam para o aprimoramento do setor, e a formação de parcerias com instituições governamentais com vistas a alavancar os negócios.
Importante citar o “ES 500 Anos”, plano de desenvolvimento do Governo do Estado do Espírito Santo que objetiva a construção de uma visão de futuro estratégica, sustentável e desejável para o ES até o ano de 2035, ano em que serão comemorados os 500 anos da colonização do solo espírito-santense. Em tal contexto estão inseridos os setores produtivos, inclusive o de madeira e móveis, cujo desenvolvimento se encontra pautado na competitividade, inovação e participação no ambiente de negócios, além de outros que compõem o escopo do referido plano.
FN – A sustentabilidade é um ponto chave na indústria moveleira mundial. Como esse tema é encarado pela indústria moveleira capixaba?
ANB – A sustentabilidade é um tema mundial em que todos estão interligados, especialmente o setor florestal e de móveis, visto que o meio ambiente, o ciclo de vida dos materiais e a conservação dos recursos naturais é um desafio que precisa ser enfrentado por toda a sociedade, sendo fundamental a adoção de práticas mais sustentáveis.
Para tanto, a indústria brasileira tem buscado a adoção de caminhos que incentivem e estimulem a adoção de práticas sustentáveis.
Para a Diretora Executiva da Abimóvel – Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário, Cândida Cervieri, “a indústria moveleira no Brasil tem se destacado como uma referência na adoção de práticas de gestão da sustentabilidade, como evidenciado pelas certificações que abrangem cerca de 98% das empresas brasileiras exportadoras de móveis, com o setor também fazendo parte do Pacto Global da Organização das Nações Unidas, seguindo seu Guia de Sustentabilidade”.
Portanto, a sustentabilidade é um tema de grande preocupação para o setor de madeira e móveis, que tem se empenhado em adotar cada vez mais práticas que sejam mais sustentáveis, com vistas a minimizar impactos no meio ambiente.
Essa entrevista faz parte da série especial sobre a Segunda Edição da Espírito Madeira, evento que será realizado entre os dias 7 a 9 de novembro, em Venda Nova do Imigrante (ES), reunindo representantes do segmento de ponta a ponta – desde produtores florestais até empresas de alto design.