Produção na indústria de móveis e colchões cai em 2023

Produção de móveis acumula alta de 10,5% até outubro e cenário é otimista para 2025

O setor moveleiro no Brasil fechou 2023 com uma queda acumulada de 1,3% em volume produzido de móveis e colchões, chegando a cerca de 398 milhões de peças frente a 402,6 milhões no decorrer de 2022.

Esse resultado foi levemente superior às expectativas de mercado, que apontavam um recuo de 0,9% no ano.

Os indicadores do fechamento de 2023 (janeiro a dezembro) estão detalhados na nova edição da Conjuntura de Móveis, estudo desenvolvido pelo IEMI com exclusividade para a Abimóvel (Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário), trazendo o panorama tanto da produção e das vendas no mercado interno, como das exportações e importações no setor, além do emprego, investimentos e do varejo.

Para entender esse panorama, é preciso lembrar que após um primeiro semestre marcado por ajustes políticos e desafios como inflação e juros altos seguidos por restrições no acesso ao crédito, entre outras questões que afastaram os consumidores brasileiros das lojas, a economia nacional apresentou melhoras pontuais na segunda metade do ano, chegando ao final de 2023 com um PIB (Produto Interno Bruto) positivo de 2,9%.

Seguindo essa tendência, a indústria brasileira do mobiliário também exibiu sinais de recuperação nos últimos meses do ano passado, alcançando o maior volume produzido no ano durante o mês de novembro. Em dezembro, contudo — um mês atípico, marcado por férias coletivas e feriados prolongados —, registrou-se uma queda significativa de 18,9% tanto no volume de peças produzidas como em receita na comparação com o mês imediatamente anterior, freando o ritmo positivo que até então era observado no último trimestre.

Em termos de faturamento, porém, a queda no acumulado do ano (janeiro a dezembro) foi menos intensa, ficando em -0,5%. Fator que indica um ambiente de mercado desafiador, mas com indícios de estabilidade financeira.

Um dos principais pontos a serem observados, nesse sentido, é que o consumo interno de móveis e colchões demonstrou resiliência apesar da queda produtiva, registrando aumento de 0,1% no acumulado do ano passado, apontando para uma demanda que tem voltado a se estabilizar no país.

Por outro lado, a participação crescente dos importados no consumo aparente, que chegou a 5,6% em dezembro, fechando 2023 com média de 3,6%, levanta um alerta, segundo a Abimóvel, que vem monitorando a atividade. Tal comportamento, contudo, não afetou a balança comercial do setor no ano, que seguiu positiva, com um superávit de mais de US$ 500,9 milhões.

As exportações moveleiras, que também tiveram um ano aquém das expectativas, acumulando perda de 11,4% de janeiro a dezembro de 2023 frente igual período no ano anterior foram impactadas especialmente pela queda na demanda em alguns dos principais mercados acessados pelo Brasil, como os Estados Unidos — maior importador de móveis brasileiros —, que apesar de apresentarem melhoras no fechamento do ano, também sofreram com as políticas locais de elevação de juros para combater a inflação e outros desafios do consumo pós-pandemia.

Em meio a este contexto, o pessoal ocupado na indústria moveleira, um dos setores que mais geram emprego no país, também sofreu uma queda de 1,4% em dezembro e de 3,7% no acumulado do ano. A média salarial, no entanto, cresceu 2,4% no último mês de 2023, alcançando R$ 2.145,52, o que indica esforços para melhorar as condições de trabalho e reter talentos na indústria.

No que tange aos investimentos no chão de fábrica, porém, a indústria demonstrou cautela, com as importações de máquinas para fabricação de móveis recuando 11,3% no acumulado de janeiro a dezembro de 2023.

“O fechamento do ano passado para a indústria de móveis no Brasil demonstra um setor que, apesar dos desafios econômicos e produtivos enfrentados, mostra potencial de recuperação. A reestabilização no consumo interno, o aumento da média salarial e a manutenção de uma balança comercial positiva são indicativos de que, embora o caminho à frente possa ser árduo, há fundamentos sólidos para crescermos, nunca nos esquecendo da necessidade de investir na inovação, na sustentabilidade e na conquista de novos mercados”, explica o presidente da ABIMÓVEL, Irineu Munhoz

Já observando-se os primeiros indicadores de 2024, resultados setoriais do ICEI (Índice de Confiança do Empresário Industrial) de fevereiro mostram que empresários de 25 dos 29 setores industriais analisados estão confiantes neste ano.

O dado apresentado na pesquisa da CNI (Confederação Nacional da Indústria) é o mais alto desde outubro de 2022 e mostra que a confiança está bem disseminada na indústria, com exceção, porém, de quatro setores, que incluem o de madeira e também o de móveis, sendo este último o único setor a retroceder em seu nível de confiança no fechamento do primeiro bimestre deste ano (47,1 pontos, portanto abaixo da linha de confiança dos 50 pontos).

“Gosto sempre de lembrar que o Brasil é um país muito grande, com desempenho bastante heterogêneo entre as suas regiões, canais de varejo e públicos consumidores. Criando, dessa forma, oportunidades relevantes para as empresas que souberem mapear os nichos de mercado que melhor estão performando, para construir uma estratégia vencedora para o seu negócio”, pontua o diretor do IEMI, Marcelo Prado.

Diante desse cenário, a Abimóvel vem estudando e defendendo medidas para incentivar a indústria brasileira de móveis, tais como conversações com o Governo Federal para a desoneração da folha de pagamento no setor e a inclusão dos móveis no financiamento de programas habitacionais, como o Minha Casa, Minha Vida.

Todas as edições da “Conjuntura de Móveis” podem ser encontradas neste link.

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