A indústria brasileira de móveis e colchões encerrou 2024 com um crescimento de 9,5% no volume produzido em comparação a 2023. Os dados são da nova edição da “Conjuntura de Móveis”, estudo mensal realizado pelo IEMI, sob encomenda para a Abimóvel (Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário), a partir de fontes oficiais de pesquisa.
Foram cerca de 443,7 milhões de peças produzidas no ano passado. Refletindo, em especial, um mercado interno mais aquecido, que registrou avanço de 10,7% no consumo aparente. Nesse cenário, o faturamento da indústria também evoluiu, alcançando alta acumulada de 5,7% em relação ao ano anterior.
Para o presidente da Abimóvel, Irineu Munhoz, os resultados são frutos de uma estratégia bem definida pelo setor, apesar das instabilidades no cenário econômico e dos negócios ao longo do ano.
“A Conjuntura demonstra que além de design, inovação, tecnologia e sustentabilidade, as empresas investiram em modernização industrial e em mão de obra ao longo de 2024. Esses fatores fortaleceram e continuam a fortalecer a posição dos móveis brasileiros tanto no mercado doméstico quanto no internacional. No entanto, é fundamental manter atenção às questões econômicas no Brasil e no mundo, uma vez que diversos movimentos em curso influenciam diretamente o ritmo de crescimento do setor – da cadeia de abastecimento, passando pelos fabricantes até o varejo”, diz.
As exportações de móveis e colchões cresceram 3,8% em 2024, totalizando US$ 763,02 milhões em produtos prontos – o terceiro maior valor exportado na última década. Quando se incluem partes para fabricação de móveis, o montante chegou a US$ 870,20 milhões.
Como esperado no início do ano, a atividade caiu consideravelmente em janeiro: -36,0%, alcançando US$ 45,2 milhões no mês. Apesar de comum para a época, vale observar que o resultado foi também 7,6% menor do que no primeiro mês do ano passado.
“O comércio exterior continua enfrentando desafios em função da desaceleração econômica, inflação global e da ameaça crescente de barreiras comerciais em importantes destinos”, analisa Cândida Cervieri, diretora-executiva da Abimóvel.
“Ainda assim, o Brasil vem mostrando sua força produtiva e criativa, destacando-se por meio de produtos com design e valor agregado, como móveis fabricados com madeira certificada, fibras naturais, rochas, minerais e outros materiais sustentáveis que ampliam o diálogo entre tecnologia, inovação, design e bioeconomia. Investir em certificações ambientais, na normalização e na brasilidade são estratégias fundamentais para reforçar a posição internacional da indústria brasileira”, completa.
Ainda no cenário externo, embora a participação dos importados no consumo doméstico tenha sido de 4,5% na média do ano passado, o resultado é superior ao dos anos anteriores, sendo um ponto de atenção no mercado moveleiro nacional. A atividade, aliás, iniciou 2025 mais uma vez em crescimento: +7,3% em relação ao mesmo período do ano passado, chegando a US$ 27,9 milhões em produtos importados no mês.
A balança comercial do setor, contudo, permanece positiva, embora flutue com superávit de US$ 47,9 milhões em dezembro de 2024 e US$ 17,3 milhões em janeiro de 2025. Este panorama ressalta a importância de políticas públicas e ações estratégicas que possam continuar assegurando a competitividade dos móveis nacionais no mercado doméstico.