Frente Parlamentar da Silvicultura quer unir forças para desenvolver o setor em SC

Frente Parlamentar da Silvicultura quer unir forçar para desenvolver o setor em SC

A Frente Parlamentar da Silvicultura da Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina abriu os trabalhos oficialmente em setembro deste ano e tem como principal objetivo unir forças com agentes do poder público e privado para desenvolver o setor.

Cabe ao deputado José Milton Scheffer (PP) a responsabilidade de comandar a Frente e trabalhar junto de outros sete deputados em prol do segmento.

Santa Catarina possui dentro do território 1,03 milhão de hectares com florestas plantadas para fins comerciais. Deste total, 713 mil hectares são com o gênero Pinus e 316 mil hectares com o gênero Eucalyptus.

Cerca de 9,4 mil empresas são ligadas ao setor florestal, que correspondem à 104 mil postos de trabalho no estado. Além da importância econômica e social, estima-se que uma área de aproximadamente 680 mil hectares é preservada e conservada pelo setor de base florestal catarinense.

Zé Milton concedeu entrevista exclusiva à Forest News e contou sobre o início de trabalho da Frente e quais são suas expectativas para o setor de base florestal em Santa Catarina.

Forest News: A Frente Parlamentar da Silvicultura traz expectativas positivas para o setor de base florestal. Como o senhor observa a responsabilidade de estar à frente deste cargo e quais suas expectativas dos trabalhos a serem realizados?

Zé Milton: Eu vejo na na criação dessa frente parlamentar da silvicultura uma grande oportunidade para a gente poder construir políticas públicas de desenvolvimento da silvicultura, bem como também do fomento dela.

Nosso estado é composto por pequenas propriedades propriedades médias e também propriedades grandes, mas nós temos um grande potencial de desenvolvimento da silvicultura também em propriedades menores, ligadas ao aproveitamento de áreas marginais da agricultura e a ideia é se criar um programa estadual de florestas, fomentando a implantação de florestas em diversas áreas.

Nós já temos hoje um contingente maior que 1 milhão de hectares plantados aqui em Santa Catarina. Temos um parque industrial baseado na madeira muito diversificado. Somos exportadores de produtos de madeira para diversos países, mas muitas vezes nós temos observado que ainda tem um potencial grande para o aproveitamento de áreas, para o plantio de áreas que muitas delas estão abandonadas ou degradadas.

Então a nossa ideia é juntarmos é através dessa frente parlamentar lideranças ligadas ao setor, desde a Associação Catarinense de Empresas Florestais (ACR), a Associação Catarinenses de Engenheiros Florestais (ACEF), a indústria madeireira, também produtores de floresta, Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (FAESC), órgãos governamentais como a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), a Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (CIDASC), bem como a própria Secretaria de Agricultura.

Nós queremos criar um grande colegiado através da frente parlamentar e a partir daí começar a desenvolver um Plano Estadual de Silvicultura e de Florestas, no sentido de criar mecanismos para que a gente possa democratizar cada vez mais o repasse de tecnologias do estado, principalmente para as pequenas propriedades, para os pequenos agricultores.

Outro objetivo nosso é o apoio e a gestão ao desenvolvimento de áreas florestadas no estado por agricultores. É trazer esse ingrediente para dentro da propriedade.

Nós também queremos dentro dos objetivos dessa frente gerar incentivos para o reflorestamento como fonte de renda para a agricultura familiar de Santa Catarina. Nós queremos interagir com grandes reflorestadores, mas também aproveitar as pequenas propriedades dos agricultores para tornar a floresta uma fonte alternativa de renda nessa pequena propriedade.

Tem um caminho bom aí para ser feito. Já tivemos no passado programas relevantes de incentivo à silvicultura na pequena propriedade e agora com o apoio do Governo do Estado, da Frente Parlamentar aqui da Assembleia, nós vamos poder impulsionar através do estado ainda mais a silvicultura como uma atividade de incremento da economia rural catarinense e ao incrementar a silvicultura nós também estamos criando matéria-prima para a indústria de transformação, que repito que aqui em Santa Catarina é uma indústria muito significativa, exportadora de produtos de alta qualidade para diversos países e também no mercado interno brasileiro e que ela precisa de matéria-prima.

Então esses são os principais objetivos da nossa Frente Parlamentar da Silvicultura aqui na Assembleia Legislativa.

FN: Nesse início de trabalho, quais têm sido as principais demandas passadas pelo setor de base florestal à Frente Parlamentar da Silvicultura?

ZM: O que nós entendemos como reivindicação é que o setor existe aqui no estado, mas ele não tem os olhos das políticas públicas. O que o setor quer é caminhar junto, com políticas públicas do Governo do Estado que seja entendido também como uma fonte importante da nossa economia e também da geração de emprego, o reflorestamento, a silvicultura, ela é significativa, onde toda essa cadeia produtiva que nasce lá na propriedade agrícola, um agricultor que está plantando lá em uma pequena área que não pode ser utilizada no cultivo de grãos, ele além de estar protegendo o meio ambiente, ele também está gerando emprego na indústria, nos transportadores, até chegar na indústria madeireira e de celulose como temos em várias partes do estado.

Então o que o setor quer é trabalhar e que o estado também entenda que esse é um segmento econômico e social importante e que merece ter políticas públicas de incentivos fiscais, de parcerias, de pesquisas para novas tecnologias do setor.

Nós estamos implementando agora um grupo de trabalho que atuará sobre a ótica da Secretaria do Estado da Agricultura, constituído por empresas, por várias entidades públicas e privadas, onde a partir daí será criado um Programa Estadual de Silvicultura que vai ser instituído através de lei aqui da Assembleia e que será a espinha dorsal do desenvolvimento florestal de Santa Catarina.

FN: Como o deputado avalia a importância de apresentar a sociedade a importância de boas e sustentáveis práticas do setor de base florestal, como o manejo florestal?

ZM:  O fato dessa frente estar no parlamento catarinense, tendo aqui um grupo de oito deputados, de diversas regiões do estado. Só em estar aqui a silvicultura e o reflorestamento passa a ter voz na principal casa do estado de leis e representatividade da sociedade.

Então esse vai ser um fator importante para desmistificar toda essa questão ambiental. Nós queremos transformar o reflorestamento e a silvicultura catarinense em um grande exemplo de respeito ao meio ambiente e a sustentabilidade ambiental. Por exemplo, por meio dos reflorestamentos que nós temos hoje, além da recuperação e da melhora da qualidade ambiental, nós sabemos que Santa Catarina tem um estoque de mais de 250 milhões de toneladas de carbono entre florestas latinas e florestas plantadas.

Isso sempre alinhados e em consonância com a nossa indústria de beneficiamento na matéria-prima.

A sociedade precisa conhecer esse lado do reflorestamento, da questão do carbono, da questão da preservação do meio ambiente e da recuperação do solo. Só que até agora o setor estava lá na propriedade trabalhando isoladamente, não tinha esse espaço. E a Frente Parlamentar que nós criamos aqui ela também tem essa missão de dialogar com os órgãos ambientais que vão estar interagindo e também divulgar o potencial que as florestas têm para a questão ambiental.

Na recuperação do sol, na retenção de água e na retenção de carbono. Inclusive a Frente Parlamentar vai trabalhar, interagindo com a Legislação Federal, para criar uma Política Estadual de Crédito de Carbono aqui em Santa Catarina. Sabemos que isso é um grande desafio de médio prazo, mas também está entre os objetivos da nossa Frente Parlamentar aqui em Santa Catarina.

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