Quem passa pelo campus da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) em Natal, onde está sediado o Laboratório de Estudos da Madeira (LABEM), se depara com a Dunas Gridshell. A estrutura foi montada no local como resultado de uma pesquisa de pós-graduação e é considerada a primeira neste formato na região Nordeste, conforme divulgação do próprio laboratório.
O projeto de mestrado foi conduzido por Isabela Cavalcanti, com orientação da professora Edna Moura Pinto e coorientação do professor Alfredo Manuel Dias (Universidade de Coimbra/Portugal), e ainda contou com o envolvimento de vários departamentos da UFRN e também da iniciativa privada. A pesquisa analisou o processo de construção e os custos deste sistema, por ser pouco explorado no Brasil. O trabalho se alinhou com as propostas do LABEM, para o desenvolvimento de estudos sobre diferentes métodos construtivos com uso racional da madeira.
A Dunas Gridshell, de cerca de 20 metros quadrados, tem o pinus como matéria-prima. Entre as características deste tipo de estrutura estão a ausência de necessidade de pilares intermediários e o baixo consumo de madeira.
“Pela área coberta, o consumo de madeira é mínimo. É uma estrutura de superfície mínima, que o usa o mínimo para cobrir grandes vãos, além de ter seções pequenas. Gastamos menos de um metro cúbico de madeira. É uma estrutura leve, que nós mesmos montamos”, contou a professora Edna Moura Pinto à Rádio Universitária da UFRN, em dezembro do ano passado, após a montagem.
A gridshell apresenta esta curvatura e, por isso, a escolha da madeira para a construção deve ser criteriosa. “Propriedades que vão dizer se a madeira tem resistência suficiente, e se ela se flexiona o suficiente, sem romper. A madeira não pode ter muito dura, precisa ter um nível de elasticidade que venha atender essa característica da estrutura”, lembra a professora.
De acordo com ela, por suas características, estruturas como esta podem ser instaladas em ambientes de convivência, como restaurantes, hotéis e feiras, entre outros. Em uma nova etapa do projeto, a Dunas Gridshell vai receber uma fundação de eucalipto, servindo de estruturação para uma área de convivência no campus da UFRN. Mas os estudos sobre a estrutura não param. Pesquisadores ligados ao LABEM verificam se é possível incorporar algum tipo de madeira encontrada na região Nordeste, no bioma da caatinga, ao processo de produção deste tipo de estrutura. Para isto, o laboratório está avaliando as propriedades das madeiras das espécies da região.