Pedro Frâncio Filho é consultor de Florestas Plantadas e Agrossilvicultura na Francio Soluções Florestais. O analista reconhecido nacionalmente avalia que a silvicultura brasileira tem um alto potencial de inovação e tecnologia, mas que ainda não é explorado pelo setor.
Frâncio será um dos palestrantes da 15º Codornada Florestal, que vai ser realizada entre os dias 7 e 8 de dezembro, em Curitibanos (SC). O consultor irá promover um debate sobre alta produtividade no segmento florestal e concedeu entrevista exclusiva para a Forest News sobre o tema antes de sua participação no evento!
Como a silvicultura brasileira tem abraçado a inovação e a tecnologia como forma de ampliar a produção?
Na realidade, a silvicultura no Brasil apresenta a maior tecnologia disponível do mundo. Olhando apenas para esse aspecto somos referência. Mas olhando para a ótica das empresas e a filosofia de trabalho, vemos que o país está extremamente atrasado. Hoje temos várias tecnologias e inovações trazidas do mundo agrícola ao florestal, mas ainda estamos muito aquém do nosso potencial em comparação ao próprio setor agrícola. Se você perguntar se estamos na ponta da inovação, tecnologia e produtividade, a resposta é que não estamos. Dentro da nossa consultoria temos conseguido índices de produtividade de 50% a 100% acima da média nacional em áreas comerciais. Ou seja, fica evidente que temos um potencial absurdo, mas que não é aproveitado.
Quais as principais dificuldades para que o setor implemente esses recursos?
A informação e a tecnologia existem, mas existe um bloqueio cultural em algumas empresas, com gestores mantendo essas companhias fechadas para receberem esses recursos. É preciso, sobretudo, querer fazer diferente.
Como a tecnologia no manejo florestal pode auxiliar também na sustentabilidade da silvicultura nacional?
No quesito sustentabilidade e proteção somos referência mundial. O cultivo florestal permite que você deixe de cortar a mata nativa. Basicamente, hoje o Brasil tem o maior setor florestal (proporcionalmente) de áreas protegidas, em comparação com a agricultura e outros sistemas produtivos. Temos muitas áreas de matas nativas, entre reservas legais e de preservação permanente. Devido aos critérios e demandas utilizados para as principais certificações internacionais, somos obrigados a preservar e proteger. Então o Brasil é a maior referência mundial nesse cenário com relação à sustentabilidade. Quando se produz mais e melhor, também se deixa de cortar a mata nativa.
