Mauro Murara analisa cenário do setor florestal em Santa Catarina

Diretor-executivo da ACR será um dos palestrantes da 15ª Codornada Florestal.

Mauro Murara é diretor-executivo da Associação Catarinense de Empresas Florestais (ACR), estando inserido em um dos principais centros do segmento florestal nacional: Santa Catarina é um dos líderes nacionais na produção e exportação de madeira, mas que assim como outros estados brasileiros, enfrenta dificuldades para atender a demanda do mercado.

Murara será um dos palestrantes da 15º Codornada Florestal, que será realizada entre os dias 7 e 8 de dezembro, em Curitibanos (SC). O diretor da ACR irá promover um debate sobre o setor florestal catarinense e concedeu entrevista exclusiva ao Forest News sobre o tema dias antes de abrir o primeiro seminário do evento! Confira!

Como o setor florestal catarinense irá encerrar o ano de 2022?

Inauguramos o 4º Anuário Estatístico de Base Florestal de Santa Catarina com dados consolidados de 2021. Os números são muito interessantes, mostrando crescimento em todas as áreas. Com o início da pandemia (e as restrições) houve diversas alterações no sistema de logística, ampliando a produção de embalagens e pallets, por exemplo.

Santa Catarina acabou perdendo uma colocação entre os estados em área plantada; sempre estávamos em quarto lugar e agora ficamos na quinta posição, com o Mato Grosso do Sul ultrapassando a barreira de 1,5 milhões de hectares plantados. O ranking aponta ainda Minas Gerais em primeiro, Mato Grosso do Sul em segundo, São Paulo em terceiro, Paraná em quarto e na sequência Santa Catarina.

Quais características diferem SC dos demais estados?

Nosso estado apresenta uma diversidade nos produtos de base florestal. Então temos fábricas de móveis, temos fábricas de papel, fábricas de MDF, MDP, OSB, esquadrilhas, molduras, entre outros. Dessa forma temos uma base florestal menor, mas com destaque na arrecadação e geração de empregos. Somos, por exemplo, o segundo estado com maior índice de empregabilidade dentro do setor florestal. Isso tudo mostra que está funcionando a diversificação dentro do segmento.

Somos também o maior produtor e exportador de madeira serrada, esquadrilhas, janelas, portas, móveis de madeira maciça e até em 2024 queremos assumir a vice-liderança em MDF e MDP. Nossa média de produção de pinus é superior à média nacional de eucalipto.

Como o estado tem enfrentado as dificuldades para acompanhar a demanda do mercado e a oferta de madeira?

A ACR tem trabalhado em parceria com outras instituições como a Federação das Indústrias, a Secretaria da Agricultura e alguns movimentos de associações de produtores. Sabemos que a oferta da madeira está deficitária, porém os setores mais organizados têm sua base plantada estabelecida.

Essa questão ocorreu justamente porque as maiores empresas retiraram essa madeira disponível do mercado para ampliar a produção. Então está ocorrendo um desbalanço comercial e, não necessariamente, um déficit de madeira.

Neste cenário, onde a ACR tem focado sua atuação?

A ACR tem incentivado os associados a adotarem modalidades de fomento florestal, há várias formas e modelos para o fornecimento de mudas e assistência técnica, por exemplo. Temos verificado também que muitas empresas têm optado pelo arrendamento de florestas, onde a empresa estabelece um prazo do ciclo do pinus – que é de 15 a 20 anos – e é pago um valor de acordo com a produtividade desse sítio, o que gera variação da produtividade de acordo com fatores como solo, clima, entre outros.

A indexação normalmente tem sido feita pelo dólar e também existem várias modalidades. O detentor do solo pode optar em apenas recolher o dinheiro ou participar do corte da madeira, pensando na valorização da madeira. E é esse formato que estamos tentando fomentar: não podemos induzir a população rural a plantar sem garantia de mercado ou obrigar nossos associados a uma determinada forma de plantar. Nosso apoio é institucional, buscando também diminuir a burocracia do setor, facilitando a movimentação de madeira e o licenciamento ambiental para a plantação de madeira.

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Jorge de Souza

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