Atenções de todo planeta estarão centradas na 30ª Conferência da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre Mudanças Climáticas (COP30), quando também será celebrado o 10º aniversário do Acordo de Paris. A COP 30 será realizada em novembro de 2025 em Belém, capital do Pará (PA).
O Pará é um dos principais produtores e exportadores de madeira do Brasil. Junto com Mato Grosso, responde por 62,6% da quantidade total de madeira em tora extraída das florestas nativas, representando 79,1% do valor da produção madeireira no país, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Maior produtor nacional de madeira nativa em tora, com 5 milhões de metros cúbicos (m3) em 2023, o Pará aumentou em 5% sua extração. Mato Grosso está em 2º lugar, com participação de 18,4% na produção madeireira no território brasileiro, com 3.951 milhões (m3) de tora e lenha, provenientes dos mais de 5 milhões de hectares de áreas de manejo florestal.
Entre os 20 maiores produtores municipais de madeira nativa no Brasil destacam-se Colniza, em 4º lugar no ranking nacional com 425 mil (m3), seguido de Aripuanã (6º lugar com 310 mil m3), Juara (13º lugar com 150 mil m3) e Juína (14º lugar e 145 mil m3), conforme levantamento do IBGE.
Em 66 municípios mato-grossenses a produção madeireira é a principal atividade econômica, empregando 13.878 pessoas com carteira assinada em novembro de 2024, conforme dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Quantitativo que representa 10% do estoque de 133.273 empregos da indústria de transformação de Mato Grosso.
De janeiro a novembro, a geração de empregos no setor de base florestal no estado aumentou, com a abertura de 475 novos postos de trabalho formais.
O presidente do Centro das Indústrias Produtoras e Exportadoras de Madeira de Mato Grosso (Cipem), Ednei Blasius, afirma que alinhar a produção madeireira com boas práticas ambientais é um compromisso do setor de base florestal de Mato Grosso.
“Ao implementar a gestão das matas nativas em áreas de reservas particulares por meio dos planos de manejo, o setor de base florestal contribui para o sequestro de carbono e mitigação das mudanças climáticas. A técnica do manejo sustentável, ao garantir a floresta em pé, não apenas contribui para a preservação ambiental e da biodiversidade, mas também atende à demanda por produtos que respeitam as normas de sustentabilidade, legalidade e qualidade”, diz Blasius.
Em Mato Grosso, a produção do setor de base florestal está adequado aos processos detalhados de monitoramento e controle em toda cadeia produtiva, que envolve a rastreabilidade desde a origem até a comercialização final da madeira nativa, realizado por meio do Sistema de Comercialização e Transporte de Produtos Florestais (Sisflora 2.0), atendendo aos mais altos padrões ambientais. Isso proporciona maior transparência e facilita a fiscalização pelos órgãos reguladores, promovendo uma gestão eficiente dos recursos florestais.
A cadeia de custódia complementa a rastreabilidade ao assegurar a origem dos produtos florestais comercializados, pois identifica as etapas de um produto de ponta a ponta, desde a produção até a distribuição ao consumidor final. Esse controle oferece segurança aos mercados nacional e internacional, assegurando que a madeira colhida no estado cumpre as normas ambientais e contribui para a conservação da floresta em pé.
As indústrias madeireiras de Mato Grosso exportaram 201.902 toneladas de produtos florestais para 69 países em 2024. O comércio com os mercados consumidores internacionais propiciaram saldo financeiro de US$ 85,3 milhões ao setor de base florestal do estado, conforme dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic).
No cenário global, os acordos intergovernamentais favoreceram o acesso da madeira principalmente aos blocos econômicos G7 (US$ 29,3 milhões), União Europeia (US$ 25,7 milhões), Ásia (US$ 22,2 milhões) e Brics (US$ 20,4 milhões), aponta o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).
Entre os compradores estrangeiros de madeira nativa de Mato Grosso destaca-se a França, um dos mercados mais exigentes ambientalmente no comércio internacional e que aumentou a demanda.
Em 2024, os franceses investiram US$ 13,7 milhões na aquisição de 7.192 toneladas de produtos florestais despachados pelas indústrias mato-grossenses. Os números demonstram intensificação do comércio de madeira entre os fornecedores locais e os consumidores franceses ao longo dos últimos dez anos e também em relação a 2023.
Comparado com 2014, quando foram embarcadas 5 mil toneladas de madeira por US$ 7,9 milhões, as empresas de base florestal elevaram em 72% o faturamento resultante da relação comercial com o país europeu. Na comparação com 2023, o volume de negócios entre o setor madeireiro de Mato Grosso com a França cresceu 3,5%, considerando embarques de 6.660 toneladas por US$ 13,2 milhões, informa o Mapa.
Outro país que elevou em 7,9% os investimentos na compra de madeira originária de Mato Grosso é a Índia. Em 2024, foram destinadas aos compradores indianos 24.947 toneladas do produto por US$ 13,9 milhões, ante 31 mil toneladas repassadas por US$ 12,9 milhões em 2014. Pelo volume de negócios, destacam-se, ainda, as vendas acumuladas em 2024 para os Estados Unidos (US$ 12,9 milhões), Bélgica (US$ 6,5 milhões) e China (US$ 5,2 milhões).
Os resultados das exportações são atribuídos, principalmente, aos embarques de madeira em bruto (US$ 49,5 milhões), serrada (US$ 19 milhões) e perfilada (US$ 16,2 milhões).