Fator humano é fundamental para sucesso da colheita de madeira

Os avanços tecnológicos relativos ao maquinário têm um importante papel na evolução significativa que vem sendo registrada na colheita de madeira no Brasil. Graças às inovações, empresas do setor florestal obtêm ganhos significativos em termos de produtividade, qualidade, ergonomia e segurança das operações, além de melhores resultados ambientais e redução dos custos de produção. Apesar disso, o uso de máquinas modernas não garante o pleno sucesso da colheita, uma vez que o fator humano responde por diferenças consideráveis no desempenho entre os operadores de máquinas florestais.

Com isso em mente, os pesquisadores Eduardo S. Lopes e Millana B. Pagnussat, da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), em parceria com as cientistas Rosa Almeida, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), e Rachael Seidler, do Departamento de Performance Humana da Universidade da Flórida, nos Estados Unidos, desenvolveram uma nova metodologia para a seleção e avaliação de operadores de máquinas florestais de alta performance. O processo leva em consideração características como memória, habilidades motoras, comportamentais e atenção, necessárias às operações de colheita da madeira.

Os pesquisadores realizaram diversos estudos na modalidade piloto para calibrar e testar a ferramenta de avaliação de perfil de operadores nas máquinas harverter, feller buncher, forwarder e skidder em diferentes condições operacionais. No caso da tese de doutorado, a ferramenta foi aplicada em uma empresa florestal e contemplou amostragem de 43 operadores de feller buncher e skidder, sendo que os dados de desempenho (eficiência produtiva, disponibilidade mecânica e qualidade) foram analisados por um período de dois anos.

Os resultados da pesquisa mostraram que os operadores avaliados possuíam três classes distintas de perfil, ressaltando que no caso do operador de feller buncher houve diferenças de 15% e 20% na eficiência produtiva entre os trabalhadores de melhor e pior perfil no período de formação e no primeiro ano de atuação na operação, respectivamente. As avaliações das características individuais demonstraram que o comportamento teve grande influência na eficiência operacional e na disponibilidade mecânica, enquanto a eficiência produtiva e a qualidade foram afetadas pela cognição, atenção focada e habilidades motoras.

A conclusão foi de que as características individuais dos colaboradores mostraram afetar de forma significativa o desempenho operacional, indicando que elas são aspectos relevantes para serem considerados na seleção de operadores florestais de alta performance. Por isso, entende-se que o fator humano precisa ser estudado em muitos aspectos, tendo em vista que os operadores com perfis compatíveis com o cargo não alcançam o seu potencial produtivo pleno por não estarem alocados em equipes adequadas, nas máquinas corretas ou, até mesmo, não terem o devido gerenciamento e incentivo na função. Por isso, excelentes recursos humanos acabam sendo mal aproveitados por falta de conhecimento acerca do perfil e sobre o gerenciamento e formação das equipes de acordo com o perfil individual do operador.

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Murilo Basso

Murilo Basso